com a palavra

Autônomo José Quartiero fala sobre sua curiosa trajetória de vida

Fotos: Arquivo Pessoal

Santa-mariense crescido na segunda quadra da Bozano, José Carlos Machado Quartiero, hoje com 60 anos, tem uma trajetória curiosa. Ainda jovem, aprendeu, na marra, a trabalhar com áudio e sonorização de eventos. Mais tarde, atuou na venda de produtos odontológicos e abriu, segundo ele, a primeira loja especializada em roupas íntimas de Santa Maria. Conhecido também pelos lanches que vendia pelas ruas de Santa Maria, atualmente, voltou às origens e trabalha com áudio. Dono da web rádio Resonance, também é voluntário no Esquadrão da Alegria, onde dá vida ao palhaço "KKreco" para animar pessoas hospitalizadas. Nesta entrevista, fala sobre os momentos da vida profissional, a web rádio e planos para o futuro.


Com a mãe Ilda e o pai Bruno, no dia do nascimento

Diário - Como iniciou a vida profissional no áudio?
Quartiero - Eu tinha um colega chamado Ricardo e nós compramos, na Acampamento, um amplificador Ibrape. Começamos a sonorizar festinha, boates, festas de 15 anos. Assim, comecei. Fizemos um misturador de áudio com uma caixa de charutos e papel laminado. Foi por aí que entrei no ramo do áudio. Em paralelo, era ascensorista, no edifício Princesa. Depois, fomos acrescentando coisas. Então, fui para o quartel. Quando dei baixa, comecei a trabalha na Refatraz. Ali, fiquei por uns dois anos, na parte de áudio. Depois, fui trabalhar no Bobby Som, vendendo discos e fitas no Calçadão. Aprendi a lidar com áudio sem saber nada. Depois, por acaso, me distanciei do áudio, e fui trabalhar no ramo da odontologia. Fui vendedor de material odontológico.


Jardim de Infância no Colégio Sant'Anna. Turma da professora Eloísa

Diário - De vendas de material odontológico para uma loja de roupas íntimas, como isso aconteceu?
Quartiero - Depois que fui demitido, comecei outra carreira. Eu tive a primeira loja de roupa íntima da cidade. Eu ia a Porto Alegre para as reuniões da empresa de odontologia e via uma ou duas lojas mais segmentadas neste sentido, algo que não existia em Santa Maria, então, resolvi abrir aqui. No início, foi um pouco complicado, eu mesmo atendia, e demorou um pouco até as pessoas se acostumarem com a ideia. Tinha um prédio, na segunda quadra da Bozano, que era da minha família, e instalei a loja ali, originalmente chamada de Zona de Risco. Depois, passou para Igrayne, nome da mãe do Rei Arthur. Abri em 1998. Durou alguns anos, e minha mãe, dona do prédio, vendeu tudo depois.

Diário - O senhor também vendeu lanches. Como foi essa experiência?
Quartiero - Na época, namorava uma menina e a mãe dela fazia bombons. Ela me deu a receita e comecei a vender. Então, meu apelido, que era Zé das Calcinhas, virou Zé das Trufas, que, inclusive, é meu e- -mail hoje. Eu puxava carrinho, vendia bombom, sanduíche, salada de fruta, refri, de tudo. O chocolate quente era, segundo os clientes, o melhor da cidade.

Diário - Como voltou ao ramo do áudio?
Quartiero - Nesse meio tempo, o Beto Antunes, letrista da Nocet, me deu um disco. Comecei a pensar em voltar a trabalhar com áudio. Outro dia, um amigo meu me perguntou se eu conhecia alguém que passasse uma fita VHS para DVD. Eu me ofereci, mesmo sem ter nem ideia de como fazer. Fui procurar como fazer. Descobri que precisava de um gravador de DVD, que era caro, e usei um emprestado. Gravei e entreguei para o cara. Ele já falou para outro, que falou para outro, e, logo, me vi obrigado a comprar um gravador de DVD, de tanta demanda que eu tinha. Fui crescendo e tive que largar até o carrinho de lanches. Foi por 2004, 2005.

Diário - E o que o senhor faz atualmente?
Quartiero - Continuo passando os vinis para CD e VHS para DVD. De vez em quando, pego algumas coisas que não consigo resolver. Além disso, conserto alguns aparelhos. E tem a rádio. Apareceu, em 2016, a oportunidade de fazer o curso de locutor e operador de áudio. Sempre gostei desse meio. Cheguei a trabalhar na Santamariense. Descobri que web rádios ainda não tinham legislação, ou seja, seria bem mais fácil para implantar uma. Pedi orientações de como funcionava na aula de quinta. Na sexta, faltei. No sábado, voltei já com a rádio web no ar. Foi em 27 de setembro de 2016. A Resonance Rádio, o som nosso de cada dia. Depois, com o Agnaldo Gomes, meu amigo, começamos a organizar a rádio. Os programas são todos à noite. Temos parceria com a Rádio Universidade, com a Rádio Câmara, com a Rádio Senado. Na rádio, tocamos de tudo, que seja "ouvível". Ainda não temos programas ao vivo. É um projeto novo. Eu quero um canal no Youtube para a rádio também. Tem um projeto, ainda bem em banho-maria, que é a Resonance TV. Já tenho o domínio. Tenho alguns projetos, mas enquanto a Resonance rádio não andar sozinha, o resto espera. Quem quiser escutar tem um aplicativo. O site é www.resonanceradio.com.br.


Com o filho Bruno

Diário- Como é a experiência no Esquadrão da Alegria?
Quartiero - Eu sempre quis fazer um trabalho voluntário. Então, me inscrevi no Esquadrão e, hoje, tenho certeza que ganho mais neste trabalho voluntário que me propus a fazer do que nas outras coisas. É uma troca fantástica de experiências.

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